
O transtorno bipolar (TB) é uma condição psíquica que se caracteriza por mudanças extremas de humor, que podem variar de depressão a mania. Também conhecido como doença maníaco-depressiva, é uma condição crônica que afeta homens e mulheres, e geralmente aparece no início da vida adulta.
A TB na sua fase maníaca pode ter diagnóstico diferencial com a esquizofrenia. Mas se diferencia pelo conteúdo do pensamento, que contém sempre a ideação de grandeza ou de poder e importância exagerados. Geralmente não há perseguição pura, como na esquizofrenia. O componente afetivo em presença de alucinações sinaliza melhor prognóstico.
Os episódios depressivos são sequenciais à hiperatividade e às ideações de grandeza e poder, como se estivessem abaixo na graduação de um termômetro. Por isso são considerados transtornos de humor, cuja maior dificuldade é manter o equilíbrio sobre a percepção de si mesmo.
Assim, o humor que não consegue se equilibrar entre dois extremos, é entendido como desvio que precisa de abordagem terapêutica.
O que significa transtorno bipolar
De um modo geral a condição se caracteriza por uma espécie de desregulação do termostato afetivo. Pode-se estar exageradamente voltado para o Ego: dando-se importância, fazendo o que se quer e se achando poderoso. Noutro momento prepondera a tristeza pura com o descaso de si mesmo, acreditando-se não merecedor ou excessivamente punido pela vida.
O melhor paradigma de abordagem é tratar o transtorno como um tipo de individualidade com características comuns. Devemos por ênfase nos aspectos psicodinamicos da condição, de modo a permitir maior fluência na gestão das crises.
Diferente da esquizofrenia, o transtorno bipolar não prejudica a personalidade a longo prazo. Entretanto a TB pode levar a uma deterioração cognitiva causada pela iatrogenia medicamentosa.
Não existe causa orgânica ou genética concreta estabelecida para o transtorno. Porém numerosos estudos indicam algumas correlações importantes, como a clara ocorrência em membros da mesma família.
A condição é diagnosticada mediante aplicação de critérios diagnósticos e depende diretamente da percepção do examinador.
As classes medicamentosas usadas incluem moduladores de humor como Carbonato de Lítio, bem como antidepressivos e antipsicótios, conforme a fase ativa do transtorno.
O Carbonato de Lítio e a Carbamazepina requerem monitoramento clínico e laboratorial por conta de seus efeitos biológicos.
Transtorno bipolar e importância da abordagem psicodinâmica
A abordagem psicodinamica, que mescla o treino comportamental com técnicas de autoconhecimento, pode favorecer uma diminuição de medicamentos e consequente redução de riscos de iatrogenia.
Dentre as abordagens psicodinâmicas mais indicadas, temos a Terapia cognitivo Comportamental (TCC) e a Psicoeducação, além de técnicas de autoconhecimento como meditação e mentoria criativa.
Ambas as abordagens têm foco em treinar o paciente a reconhecer o surgimento das crises. Ao reconhecer seus pródromos, poderá atuar proativamente no sentido de ajustar-se e acionar sua equipe de apoio.
Entretanto, ao aprender mais sobre o transtorno, os pacientes podem experimentar desconforto emocional. Ao confrontar a natureza crônica e recorrente de sua condição, podem criar expectativas negativas sobre o próprio funcionamento emocional. É por isso que acompanhamento psicoterápico é sempre importante.
Considerando a individualidade do paciente
É importante jamais reduzir a identidade do paciente ao seu diagnóstico. Devemos participar sempre do processo de autoconhecimento em andamento e saber os limites a serem impostos tanto na medicação prescrita quanto na prestação de apoio.
A abordagem psicodinâmica é fundamental no tratamento do transtorno bipolar, pois permite explorar os significados psicológicos subjacentes às oscilações de humor e comportamentos. Por meio dessa abordagem, o paciente pode identificar conflitos inconscientes nos padrões de relação interpessoal, além de mecanismos de defesa que influenciam sua experiência emocional.
Assim, o médico desempenha um papel crucial nesse processo, não apenas na gestão farmacológica, mas também como facilitador do autoconhecimento. A colaboração entre paciente e profissional ajuda a construir uma compreensão mais profunda do transtorno individualizado. E promoverá maior adesão ao tratamento, contribuindo para uma vida mais equilibrada.