
Um caminho iniciático, por padrão, é sempre uma jornada ascendente de aprendizado e autodescoberta. E leva a um estado elevado de compreensão do próprio contexto pessoal. Geralmente culmina em uma ampliação da consciência e da percepção do mundo.
Nele encontramos os rituais de passagem, que se destinam a transformar a pessoa que está trilhando o caminho. E quase sempre a transmissão de ensinamentos se faz de mestre para discípulo.
Como exemplos mais tradicionais, temos os rituais nas sociedades secretas, nas práticas esotéricas das tradições místicas e nas jornadas descritas em diversas religiões. Mas eles também ocorrem na maioria das práticas terapêuticas e psicoterapêuticas.
A natureza e o propósito de cada processo varia conforme as tradições, e a interpretação do termo depende do contexto da utilização.
Tipos de caminho iniciático.
Se ampliarmos a definição do termo, como possibilitam os dicionários, poderíamos aplicar o padrão a quaisquer ciclos de aprendizado e formação.
Pois o processo também existe na formação acadêmica ou no ensino fundamental e médio, onde também nos submetemos a rituais de passagem.
Entretanto, na maioria desses ciclos mundanos não atingimos necessariamente um estado de expansão da consciência e desenvolvimento espiritual. Muitas vezes fazer uma formação em Direito ou Medicina pode reduzir ao invés de ampliar nossa visão de mundo.
Iniciar algo é a base da compreensão do conceito, e partindo dessa premissa, podemos simular nossa jornada começando no primeiro dia de vida.
Podemos aceitar que a Vida é a jornada de um espírito através do mundo material. Assim sendo, o processo de iniciação tem várias fases.
Os desafios impostos pelo mundo material
Quando nascemos nos inserimos na existência concreta, e aprendemos diversas competências que são necessárias a esta dimensão da vida.
Aprendemos a depender, confiar, ter paciência e esperar a disponibilidade de outrem em nos nutrir e atender. Enquanto isso, nos ocupamos com as descobertas não tão sutis da materialidade. Conheça aqui essas etapas através da Jornada dos Arquétipos.
Nas primeiras etapas do caminho aprendemos a conhecer os limites entre nós e o que nos cerca. E aprendemos a comunicar nossos desconfortos, tendo a passividade como ponto principal.
Já a adolescência é uma espécie de ritual de transição, onde vivemos experiências que nos ajudam a descobrir quem somos e a assumir novas responsabilidades. Geralmente essa fase termina com a exigência de efetuar uma escolha.
Porém os inícios ligados à nossa vida material geralmente implicam em um afunilamento de nossa consciência. Implicam em restrição dos nossos campos de percepção, deixando a espiritualidade reduzida ou ausente.
Para cada campo de atuação, existe uma rotina de aprendizados que são próprios dela. E cada novo aprendizado têm seu próprio caminho, com seus dogmas e ideologias próprias, de acordo com o contexto em que pretendemos nos inserir.
Os desafios nos caminhos que percorremos
Cada caminho que escolhemos permite tanto afunilar quanto alargar nossa percepção de consciência. E o livre arbítrio nos permite escolher um caminho que contemple a aquisição de uma rotina mais densa e mais restrita.
Mas também permite seguir para a direção oposta e efetuar uma verdadeira limpeza nas nossas crenças. Pode-se reconhecer e eliminar muitos padrões viciosos que mantemos na nossa vida cotidiana.
Assim, o processo iniciático verdadeiro vai consistir em escolher o caminho ascendente. Nele há uma ampliação da consciência em detrimento do afunilamento, e uma visão mais global e holística, em detrimento do olhar focado e restrito.
A autodescoberta pode ocorrer sem mestre e sem doutrina, desde que feita através de uma firme aplicação pessoal. Pois a vida e a natureza já fornecem todas as ferramentas necessárias ao processo.
Assim, ao buscador é possível enxergar no cotidiano um caminho de aprendizado e evolução espiritual. Ele pode, por exemplo, transformar desafios comuns em exercícios de autoconhecimento. E pode encarar contratempos financeiros, conflitos interpessoais ou limitações físicas como oportunidades para desenvolver paciência, resiliência e compaixão.
Ao invés de se deixar levar pelo fluxo de pensamentos automáticos ou reações impulsivas, o neófito enfrenta a necessidade de agir na contramão da correnteza. Isso significa ponderar antes de reagir a uma situação.
Assim se passa a compreender as motivações ocultas em cada problema e observar as características do próprio desconforto.
Nesse caminho iniciático, há uma ampliação gradual da consciência. E deixa-se de ver o sofrimento apenas como algo negativo. Há o florecimento de uma linguagem simbólica que revela áreas da vida onde há potencial de crescimento. Por exemplo, uma rejeição pode representar um convite para cultivar autoestima, enquanto uma restrição inesperada pode ensinar sobre a força que vem do desapego.